O impacto ambiental provocado pelo sumiço de abelhas e de outros insetos polinizadores pode gerar perdas bilionárias para agricultura e a produção de alimentos, alertam pesquisadores. Em um futuro não muito distante, culturas com alta dependência da ação dessas espécies, como as plantações de café, melão, goiaba e maçã, juntas podem atingir um prejuízo de até R$ 14,6 bilhões com a perda de pelo menos 16 milhões de toneladas de alimentos. Em um cenário mais pessimista, a estimativa é de 51 milhões de toneladas perdidas.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Cristiano Menezes, explica que o processo de polinização para diversas culturas tem impacto direto na quantidade e qualidade dos frutos. De acordo com Menezes, a abelha Jataí, por exemplo, é a mais importante para a polinização de morango. “Embora esta seja uma cultura que não necessita de abelhas para polinizar, a presença delas na produção diminui a má formação dos frutos e garante maior valor agregado ao produto. Da mesma forma, o tomate é beneficiado com a presença de polinizadores.”
Segundo o pesquisador, o mesmo ocorre com o maracujá, que depende 100% da polinização, e a macadâmia, que registra aumento de 10% quando há polinização. Por sua vez, ressalta Menezes, o açaí é extremamente dependente de abelhas e outros insetos. “Se não houver polinização, não há produção.” A pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS), Vera Imperatriz Fonseca, diz que são muitas as ameaças aos polinizadores, entre as quais, o manejo intensivo, mudança no uso da terra, uso indiscriminado de defensivos agrícolas, pragas e patógenos, mudanças climáticas.
No tocante ao aquecimento global, o biólogo Giuseppe Puorto, membro do CRBio-01 – Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (SP, MT e MS), esclarece que, ao contrário de outros insetos, as abelhas não apresentam a mesma resistência a temperaturas mais quentes. “Especialmente algumas espécies, como as do gênero Bombus, conhecidas por aqui como mamangaba ou mamangava.”
O desaparecimento das abelhas é um fenômeno que tem chamado atenção em outros países. De acordo com pesquisas divulgadas pela revista americana Science, no ano passado, o número de abelhas caiu 40% nos Estados Unidos, em pouco mais de duas décadas. Na Europa, no mesmo período de tempo, o sumiço chegou a 50%.
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