A Polícia Civil prendeu oito homens, com idades entre 19 e 38 anos, suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em crimes de extorsão mediante sequestro, em Goiás. Segundo as investigações, eles sequestravam gerentes de bancos e mantinham seus familiares reféns até que as vítimas facilitassem roubos às agências bancárias. Os crimes foram cometidos em pelo menos quatro cidades.
A primeira ação ocorreu em 31 de julho deste ano, quando o gerente de um banco foi sequestrado em
Rubiataba, na região central do estado. A família dele foi mantida em cárcere privado até a concretização do plano. Na ocasião, segundo a polícia, os criminosos conseguiram atingir o objetivo e roubaram uma quantia de dinheiro não especificada da agência. Em seguida, liberaram as vítimas e fugiram.
Segundo o delegado Alex Vasconcelos, titular do Grupo Antirroubo a Banco da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), a modalidade do crime é conhecida como “sapatinho”.
“Esse grupo agia de forma organizada, indo até a cidade dias antes do crime para estudar a rotina do gerente e de seus familiares. Aí, na noite anterior, eles abordavam as vítimas e as levavam para um cativeiro, normalmente às margens de rodovias. Aí obrigavam o gerente a abrir o cofre da agência e a colocar o dinheiro em sacolas, de forma discreta, para que o sistema de segurança não flagrasse a ação, e entregasse esses pacotes para um dos criminosos, que ficava dentro do banco se passando por um cliente”, explicou.
Depois de Rubiataba, foram cometidas ações semelhantes em
Palmeiras de Goiás, a 98 km de Goiânia, no último dia 10 de agosto; em
Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, no dia 3 de setembro; e em Uruaçu, no norte do estado, no último dia 10 de novembro. Em nenhuma delas eles conseguiram levar dinheiro dos bancos, pois houve intervenção da polícia.
“Após o caso de Rubiataba, passamos a monitorar esse grupo e logo depois prendemos dois integrantes da quadrilha, que são Marlon Alves da Silva, que está detido em Pernambuco, e Eduardo Nonato da Silva, em Valparaíso de Goiás, este último apontado como o líder do bando. A partir daí, obtivemos informações sobre os demais suspeitos e conseguimos interceptar os outros sequestros, libertando as vítimas antes que eles conseguissem roubar os bancos”, relatou Vasconcelos.
Com o andamento das investigações, também foram presos Marcos Alberto Santana, Washington Maia, Tiago Rosa dos Santos, Wesley Honório Ferreira, Johnattan Rodrigues de Oliveira e Wagner Barbosa Rodrigues.
Com eles, foram apreendidas três armas de fogo: um revólver calibre 38, uma pistola de uso restrito das forças policiais calibre .40 e uma espingarda calibre 22, além de munições. Também foram recolhidos três veículos, sendo um GM Corsa, usado em todos os sequestros, um VW Gol e uma Nissan Frontier.
Armas apreendidas com suspeitos de sequestrar gerentes de bancos, em Goiás (Foto: Fernanda Borges/G1)
Os presos serão indiciados pelos crimes de extorsão mediante sequestro, associação criminosa qualificada e porte ilegal de armas de fogo de uso permitido e restrito, com penas somadas que variam entre 30 e 120 anos de prisão.
Seis dos oito presos foram apresentados na manhã desta segunda-feira (13), na Deic, e serão levados para o Núcleo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Os outros dois seguem detidos em Valparaíso de Goiás e em Caruaru (PE).
Base luxuosaDe acordo com o delegado, os integrantes da quadrilha se conheceram na cidade de
Redenção, no Pará, onde decidiram se associar para cometer os crimes em Goiás. Para isso, tinham quatro imóveis, entre eles uma chácara luxuosa, que serviam como base em
Anápolis, a 55 km de Goiânia.
“Eles se conheceram em Redenção e, a partir daí, passaram a se organizar para cometer os crimes em cidades goianas. Apesar do líder ser o Eduardo, era o Washington quem tinha o maior prestígio entre os criminosos, pois obtinha de muitos recursos financeiros para viabilizar as ações criminosas”, explicou Vasconcelos.
O delegado ressaltou que os presos já tinham passagens anteriores por crimes como associação criminosa, extorsão mediante sequestro, roubo, furto, uso de documento falso, tráfico de drogas e desobediência.
Segundo ele, nos primeiros sequestros, os suspeitos agiam da maneira mais discreta possível, mas na última, em
Uruaçu, chegaram a agredir o gerente do banco. “Apesar disso, eles não obtiveram êxito na ação”, destacou o investigador.
Polícia apreendeu Gol, Frontier e Corsa com integrantes da quadrilha, em Goiás (Foto: Fernanda Borges/G1)
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